Tinham paquerado, literalmente, naqueles últimos seis meses. Encontravam -se sistematicamente. Sempre as terças e quintas à noite, depois do expediente. O local? Na mata de eucaliptos. E conversavam. Falavam do trabalho, dos planos e projetos, das experiências na Amazônia, de Roraima. Dos filhos, das alegrias e das tristezas e decepções. Era um momento difícil, o governo era contra a política ambiental, tinham nomeado militares para os cargos e eles sentiam na pele a dor e a faca afiada contra o meio ambiente. As conversas tinham que ser presenciais, eles tinham medo de estarem grampeados e precisavam de toda forma estar escondidos pra poder falar. Sentiam-se perseguidos, coagidos e ali trocavam. E assim nasceu uma amizade, sentados à quase quatro metros de distância, cada um com o seu cigarro delirando a revolução. Ela sofria, seu atual parceiro demonstrava -se insensível à sua batalha. Bolsominion de carteirinha. E a conversa dele parecia pequena perto do mundo dela. Terminou tudo,
Uma semana em maio perguntou ele, pensando se vale a pena ela respondeu. Tinha conhecido outra pessoa. Feio mas bem dotado. E ela precisava transar. Tinha se perdido desde que ele a deixara para seguir com a portuguesa. Ela mandava na vida dele. Percebeu quando ele largou tudo para morar em outro país conforme ela indicara. Enquanto ela transava com outro despertava neste a mais profunda admiração. Declarações e lembranças recheadas de saudade só aumentavam nela a mágoa e o ressentimento: como pudera ele tê- la largado? Largado era o termo. Como um objeto que não tem mais uso e se deixa de lado. E agora aquela proposta. Uma semana em maio. Tinha consultado os astros e se deparou com uma lista de ex nos mapas registrados num site astrológico. Estavam lá o Carlos, alcoólatra inveterado e perturbado, o Rafa, que rendeu bons momentos de prazer e simplicidade mas que não topara, assim como ele, assumir aquela relação, o Marcelo, meio maníaco por sexo anal e com problemas